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Resumo

É profunda a conexão entre psicanálise e educação. Freud evidenciou seu interesse pela pedagogia, possibilitando melhor compreensão dos educadores sobre o desenvolvimento da criança e do adolescente. De acordo com o pai da psicanálise, o educador exerce grande influência sobre o educando, pela relação afetiva primitiva. Os sentimentos de admiração e de respeito são transferidos do pai para o professor, assim como a "ambivalência afetiva". No bojo das temáticas pertinentes a reflexão da educação na sua relação com a psicanálise, temos a ideia de sintoma, que segundo Freud, não era uma doença, e sim, a expressão particular de um conflito psíquico do inconsciente. Este trabalho originou-se no espaço didático da disciplina “Psicanálise e Aprendizagem” oferecida para os cursos de Psicologia e Pedagogia. Teve como objetivo refletir sobre a presentificação dos sintomas do educando no nível superior na visão de um professor, tendo sido parte das exigências para o cumprimento de tal disciplina. Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Utilizou-se técnicas de pesquisa bibliográfica e pesquisa em campo, mais especificamente uma entrevista semiestruturadas. Após um levantamento bibliográfico sob a psicanálise e a educação, e sobre o conceito de sintoma, realizou-se uma entrevista com um psicanalista docente em um curso de Psicologia na cidade de Campos dos Goytacazes. Por meio de um roteiro semiestruturado, o entrevistado pode apresentar suas experiências e compreensões sobre o tema em questão. O entrevistado evidenciou em sua fala, como os sintomas apresentam-se de forma tão evidente, principalmente em uma graduação como o curso Psicologia. O entrevistado acredita que a presentificação desses sintomas, acaba acontecendo em função dos professores terem que tocar em muitos assuntos que são da subjetividade e que são extremamente densos. Segundo o entrevistado, um dos momentos de grande manifestação do sintoma é o período de provas, ele afirma que nessa época é perceptível o quanto a angustia se amplia. O relato obtido, demonstrou que muitas vezes, o professor acaba ficando em uma situação melindrosa, devido ao sofrimento psíquico despertado em seus alunos por diversos conteúdos apresentados em sala de aula. Diante da inevitável realidade da presentificação dos sintomas inconscientes no espaço sala de aula, entende-se que o papel do professor está para mais além da transmissão objetiva de conhecimento envolvendo, portanto, uma rede muito mais ampla de afetos e significados.

Palavras-chave

inconsciente psicanálise sintomas ensino superior

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Como Citar
P. B. DE SIQUEIRA, C., F. DO NASCIMENTO, L., & H. RIBEIRO-ANDRADE, ÉRICA. (2018). A PRESENTIFICAÇÃO DOS SINTOMAS DO INCONSCIENTE NO ENSINO SUPERIOR. Humanas Sociais & Aplicadas, 8(22). https://doi.org/10.25242/887682220181642