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Resumo

No período de 2011 a 2017, foram notificados 141.105 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes (BRASIL, 2018). Apesar das estatísticas alarmantes, a oferta de educação sexual efetiva nas instituições de ensino ainda enfrenta diversas resistências, dificultando o acesso de crianças e adolescentes às informações sobre o abuso sexual infantil (ASI). Segundo diversos autores, a escola se configura como um ambiente privilegiado para a detecção precoce do abuso (SPAZIANI E MAIA, 2015), o que demanda que os profissionais que atuam nela estejam capacitados para exercer as medidas protetivas e preventivas necessárias. Em vista disso, o presente artigo objetivou compreender se na perspectiva de alunos de licenciatura e profissionais da área da educação existe capacitação, durante sua formação, para lidar com possíveis casos de ASI defrontados no ambiente escolar. Foram entrevistadas 3 alunas do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) no município de Campos dos Goytacazes. Foi identificada a predominância da concepção de despreparo profissional para lidar com alunos vítimas de abuso sexual. A defasagem no ensino e na formação dos professores foi apontada como uma das principais causas dessa desqualificação. Conclui-se que a formação acadêmica em licenciatura não tem sensibilizado e preparado seus professores para identificar sinais indicativos de ASI e nem mesmo quanto aos procedimentos para denúncias de possíveis casos nos órgãos competentes. Dessa forma, cria-se uma dinâmica de omissão das instituições de ensino frente aos casos de ASI, possibilitando a perpetuação dos abusos e a dificuldade de implementação de medidas preventivas contra estes.

Palavras-chave

Abuso sexual infantil Profissionais da educação Professores

Detalhes do artigo

Biografia do Autor

Camila Bahia Lessa, Universidade Federal Fluminense

Aluna do 8º período em Psicologia na Universidade Federal Fluminense (UFF); Bolsista do Programa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI); Estagiária no Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da UFF; Monitora da disciplina Subjetividade, Cultura e Desenvolvimento.

Andréa Soutto Mayor, Universidade Federal Fluminense

Professora Adjunto do Curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (Departamento de Psicologia - Campos dos Goytacazes). Possui Doutorado em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo - USP (2007), Mestrado em Sexologia pela Universidade Gama Filho (2001), Especialização em Educação Especial: Deficiência Mental pela Universidade Federal Fluminense (1996) e graduação e bacharelado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990)
Como Citar
Lessa, C. B., & Mayor, A. S. (2019). A DIFICULDADE NA PROMOÇÃO DE MEDIDAS PREVENTIVAS CONTRA O ABUSO SEXUAL INFANTIL NAS ESCOLAS. umanas ociais ∓ plicadas, 9(25). https://doi.org/10.25242/887692520191745

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