Main Article Content

Resumo

A violência contra mulher é um problema de saúde pública, violação dos direitos humanos e traz diversos custos, econômicos e sociais, à sociedade. A forma mais extrema de violência contra mulher é o assassinato baseado em gênero, conhecido como feminicídio. Em função dos referidos custos e a fim de auxiliar na formulação de políticas públicas que diminuam sua ocorrência, o objetivo deste trabalho é analisar os determinantes socioeconômicos dos feminicídios no Brasil no período 2001-2015. Para tal, foi utilizado um modelo econométrico com dados em painel dinâmico, estimado por meio do Método dos Momentos Generalizados do Sistema (GMM-SYS) e foram incluídas variáveis que relacionassem aspectos socioeconômicos e demográficos das mulheres com a ocorrência desse tipo de crime em dada localidade, através de dados do Sistema de Informações de Mortalidade e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 a 2015. Os resultados demonstraram que o menor nível de renda e o maior nível de desemprego afetam positivamente os feminicídios no Brasil, corroborando a hipótese que a desorganização social induz o comportamento criminoso dos indivíduos, inclusive em crimes de violência contra mulher.


 

Palavras-chave

Feminicídios Nível de renda Taxa de desemprego Brasil Painel dinâmico

Article Details

Como Citar
Soares, L., Ferro, W. C., & Teixeira, E. C. (2022). Determinantes socioeconômicos dos feminicídios no Brasil. Humanas Sociais & Aplicadas, 12(35), 19-37. https://doi.org/10.25242/8876123520222408

Referências

  1. ARAÚJO JÚNIOR, A.; FAJNZYLBER, P. O que causa a criminalidade violenta no Brasil? Uma análise a partir do modelo econômico do crime: 1981 a 1996. Texto de Discussão, n. 162, 2001.
  2. ARELLANO, M.; BOND, S. R. Some tests of specification for panel data: Monte Carlo evidence and an application to employment equations. The Review of Economic Studies, v. 58, n. 2, p. 277-297, 1991.
  3. ARELLANO, M.; BOVER, O. Another look at the instrumental variable Estimation of error componentes models. Journal of Econometrics, v. 68, n. 1, p. 29-51, 1995.
  4. BALTAGI, B. H. Econometric Analysis of Panel Data. John Wiley & Sons, 2008.
  5. BECKER. K. L.; KASSOUF. A. L. Uma análise do efeito dos gastos públicos em educação sobre a criminalidade no Brasil. Economia e Sociedade, v. 26, n. 1, p. 215-242, 2017.
  6. BENSON, M.; FOX, G.; MARIS, A. D.; WYK, J. V. Neighbourhood disadvantage, individual economic distress and violence against women in intimate relationships. Journal of Quantitative Criminology, v. 19, p. 207, 235, 2004.
  7. BLUNDELL, R. W.; BOND, S. R. Initial conditions and moment restrictions in Dynamic panel data models. Journal of Econometrics, v. 87, n. 1, p. 115-143, 1998.
  8. BROWNING, C. The span of collective efficacy: extending social disorganization theory to partner violence. Journal of Marriage and Family, v. 64, p. 833-838, 2002.
  9. CAMERON, A. C.; TRIVEDI, P. K. Microeconometrics using Stata. Indicator, v. 2, p. 47, 2009.
  10. Campbell, J. C.; GLASS, N.; SHARPS, P. W.; LAUGHON, K.; BLOOM, T. Intimate Partner Homicide. Trauma, Violence & Abuse, v. 8, n. 3, p. 246-269, 2007.
  11. CORMAN, H.; MOCAN, H. N. A time-series analysis of crime, deterrence, and drug abuse in New York City. The American economic review, v. 90, n. 3, p. 584-604, 2000.
  12. CORRADI, C.; MARCUELLO-SERVÓS, C.; BOIRA, S.; WEIL, S. Theories of femicide and their significance for social research. Current Sociology, v. 64, n. 7, p. 975-995, 2016.
  13. DAY, T.; MCKENNA, K.; BOWLUS, A. The Economic Costs of Violence Against Women: Na Evaluation of the Literature. United Nations, 2005. Disponível em: Acesso em 22 de agosto de 2020.
  14. FARMER, A.; TIEFENTHALER, J. An Economic Analysis of Domestic Violence. Review of Social Economy, v. 55, n. 3, p. 337-358, 1997.
  15. FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil. Datafolha Instituto de Pesquisa, 2017.
  16. GAULEZ, M. P.; FERRO, A. R.; MOREIRA, G. C. O efeito do encarceramento de homicidas no Brasil. EALR, v. 9, n. 2, p. 288-307, 2018.
  17. JAIN, S.; BUKA, S. SUBRAMANIAN, S.; MOLNAR, B. Neighbourhood predictors of dating violence victimization and perpetration in young adulthood: a multilevel study. American Journal of Public Health, v. 100, p. 1737-1744, 2010.
  18. KISS, L.; SCHAIBER, L. B.; HEISE, L.; ZIMMERMAN, C.; GOUVEIA, N.; WATTS, C. Gender based violence and socioeconomic inequalities: does living in more deprived neighbourhoods increase women’s risk of intimate partner violence. Social Science & Medicine, v. 74, n. 8, p. 1172-1179, 2012.
  19. KUENZER, A. Z. O ensino médio no Plano Nacional da Educação 2011-2020: superando a década perdida? Educação & Sociedade, v. 31, n. 112, 2010,
  20. KUME, L. et al. Uma estimativa dos determinantes da taxa de criminalidade brasileira: uma aplicação em painel dinâmico. XXIII Encontro Nacional de Economia. ANPEC, João Pessoa, v. 16, 2004.
  21. MARTINS, J. C. Determinantes da violência doméstica contra a mulher no Brasil. 2017. 55 f. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
  22. MENEGHEL, S. N.; HIRAKATA, V. N. Feminicídios: homicídios femininos no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 45, n. 2, p. 564-574, 2011.
  23. MENEGHEL, S. N.; PORTELLA, A. P. Feminicídios: conceitos, tipos e cenários. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 9, p. 3077-2086, 2017.
  24. ORELLANA, J. D. Y.; CUNHA, G. M.; MARRERO, L.; HORTA, B. L.; LEITE, I. C. Violência urbana e fatores de risco relacionados ao feminicídio em contexto amazônico brasileiro. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, n. 8, 2019.
  25. PASSINATO, W. “Feminicídios” e as mortes de mulheres no Brasil. Cadernos Pagu, n. 37, p. 219-246, 2011.
  26. ROA, M. C.; CORDEIRO, R. C.; MARTINS, A. C. A.; FARIA, P. H. Feminicídios na cidade de Campinas, São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, n. 6, 2019.
  27. RUSSEL, D.; RADFORD, J. (Ed.). Femicide: The Politics of Women Killing. New York, Twayne Publisher, 1992.
  28. SACCOMANO, C. The causes of femicide in Latin America. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) - Institut Barcelona Estudis Internacionals, 2015.
  29. SANTOS, M. J, KASSOUF, A. L. Uma investigação econômica da influência do mercado de drogas ilícitas sobre a criminalidade brasileira. Revista EconomiA, n.8, p. 187-210. 2007.
  30. SANTOS, M. J. Dinâmica temporal da criminalidade: mais evidências do “efeito inércia” nas taxas de crimes letais nos estados brasileiros. Revista Economia, Brasília, v, 10, n, 1, p, 169-194, 2009.
  31. SANTOS, M. J.; KASSOUF, A. L. Estudos econômicos das causas da criminalidade no Brasil: evidências e controvérsias. Revista EconomiA. v.9, n. 2, p. 343-372, 2008.
  32. SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA MULHERES. Diretrizes Nacionais para investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres (feminicídios). Brasília, 2016.
  33. TAUCHEN, H. V.; WITTE, A. D.; LONG, S. Domestic Violence: a Nonrandom Affair. International Economic Review, v. 32, n. 2, p. 491-511, 1991.
  34. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Declaration on the Elimination of Violence against Women. UN General Assembly, 1993.
  35. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global and regional estimates of violence against women prevalence and health effects of intimate partner violence and non-partner sexual violence. Geneva: WHO, 2013.
  36. YODANIS, C. L.; GODENZI, A.; SATNKO, E. A. The Benefits of Studying Costs: A Review and Agenda for Studies on the Economic Costs of Violence Against Women. Policy Studies, v. 21, n. 3, p. 263-276, 2000.