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Resumo

No século XVI nasceu uma das principais obras da literatura
humanista-renascentista: Elogio da Loucura de Erasmo de
Rotterdam. A partir de então, surgiu no mundo ocidental uma
discussão cada vez mais elaborada em torno do que viria a ser a
própria loucura. Nessa mesma época e contexto, um outro autor,
Bruegel, produziu várias telas em que a loucura também se fez
tema presente. Vale a pena registrar, no entanto, que são obras
elaboradas em espaços diferentes: Bélgica (Bruegel) e Holanda
(Erasmo). Porém, o fato de terem sido produzidas na Europa
Setentrional deu-lhes características específicas e bastante distintas
em relação à produção renascentista mediterrânea.
Os humanistas do norte têm como chave de suas reflexões
e produções o estímulo às virtudes. Não pregavam,
fundamentalmente, reformas institucionais, mas mudanças de hábito
e coração. Seus escritos e telas não apresentam a mesma rigidez
e fixidez das letras e das formas apresentadas pelos autores e
pintores da Europa Meridional. As virtudes do coração que
aproximam o homem de Cristo são centrais em suas produções. O
tema da loucura deve ser revisitado porque não se trata de patologia
ou anormalidade. Fundamentalmente, trata-se do esquecimento,
do afastamento de Cristo. A visão corrente que o ocidente criou
sobre a loucura presente nestas obras da renascença muito deve à
História da Loucura de Michel Foucault.
Este artigo busca elucidar essa relação, posto que a nau dos
loucos apresentada por Foucault como sendo oriunda de Erasmo e
Bruegel certamente não faz sentido.

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